ALÔ PESSOAL!
Depois de uma semana super corrida com recuperações, vai aí um post bem interessante: a troca do urânio pelo tório nas usinas nucleares.
Entenda por que é importante:
O Urânio-235 e o -238 usados nos reatores modernos de fissão nuclear
são as fontes com mais densidade de energia conhecidas pela humanidade
(1.546.000.000 MJ/L), mas este potencial de energia vem a um preço caro –
e não apenas durante desastres naturais. Seus derivados de plutônio
radioativo permanecem irradiando letalmente por milênios. É por isso que
uma pioneira empresa nórdica está desenvolvido um combustível
alternativo que não vai produzir o plutônio radioativo.
Quando o urânio é usado em um reator de água leve
convencional, ele é convertido em plutônio (e se o isótopo U238 for
usado, o resultado por ser o Pu239). Mesmo sem o perigo de plutônio para
armas se proliferando dos depósitos de lixo radioativo dos países, não
há uma maneira realmente fácil de eliminar o subproduto. A melhor
alternativa encontrada até agora foi enterrá-lo e torcer pelo melhor.
Mas a Thor Energy – uma subsidiária da Scatec,
de Oslo – quer queimar os depósitos de plutônio para gerar energia aos
reatores que os criaram. Tudo o que esse sistema precisa é de tório.
Muito tório.
Felizmente, o tório (Th232) é abundante – apesar de radioativo.
Estima-se que seja quatro vezes mais comum do que o urânio e 500 vezes
mais do que o isótopo U238. É tão comum que atualmente ele é tratado
como um subproduto da extração de terras-raras. O problema é que o tório
que ocorre na natureza não contém o suficiente do seu isótopo
fissionável (Th231) para manter a criticidade. É aí que entra o
plutônio. O que a Thor fez foi misturar óxido de tório (ThO2) com óxido
de plutônio (lixo nuclear) numa proporção 90:10 para criar o tório-MOX
(óxido misto). O óxido de tório age como a matriz que segura o plutônio
enquanto ele é utilizado.
Essa coisa pode revolucionar a energia nuclear. O Tório-MOX pode
formar bastões e ser usado na geração atual de reatores nucleares com
poucas alterações. O tório cerâmico tem condutividade térmica e ponto de
fusão maiores do que o urânio, o que significa que pode ser operado a
temperaturas internas menores (e mais seguras) sem chance de derreter,
com menos emissão de gás de fissão, e com ciclo de combustível
prolongado.
O mais importante é que o tório não é convertido em plutônio – acontece o oposto, na verdade. Isso é, o processo consome o plutônio.
Nós podemos estar olhando para algo que não apenas pode controlar o
crescimento de lixo nuclear no mundo, mas também reduzir os depósitos de
plutônio ao mesmo tempo que reduz os riscos de uma proliferação
nuclear. Claro, o sistema do tório cria seu próprio lixo, mas o tório
irradiado não oxida e se mantém mais estável enquanto deteriora. O que
mais você pode querer?
A Thor Energy atualmente está testando a nova tecnologia em pequena
escala. Um reator protótipo vai alimentar uma fábrica de papel em
Halden, na Noruega, pelos próximos cinco anos. Se o combustível se
provar comercialmente viável durante o teste, podemos estar próximos a
uma grande mudança na energia nuclear até o fim desta década. [Extreme Tech - Thor Energy - Thorium 100 - Thor Energy - Wikipedia - Britannica]